Escritor, tradutor, dramaturgo e professor de Criação Literária

Ritmo na poesia e a divisão das sílabas métricas: o decassílabo

O ritmo na poesia é dado de acordo com a divisão das sílabas métricas. A maneira como as sílabas métricas serão divididas dará o ritmo da leitura.

Conhecer bem tais métricas permite ao escritor e poeta ter mais opções de construção de sentido e impacto emocional nos leitores. O processo de contar as sílabas métricas chama-se “escansão”.


Sílaba métrica em letreiro suspenso
Imagem Pixabay / Creative Commons

O que é métrica na poesia?

Métrica é o nome que se dá à medida de um verso. Porém, essa contagem não se dá do mesmo modo que na separação silábica gramátical, mas de acordo com a contagem das sílabas métricas.

Para saber quais são as sílabas métricas, o mais importante é a sonoridade, portanto recitar ou falar um verso em voz alta é a melhor maneira de percebê-las.


A métrica não deve ser vista como uma regra limitadora da criatividade. Ela é uma ferramenta poderosa para o poeta. Uma vez que ele entenda seu mecanismo, a métrica passa a ser até mesmo um gatilho para sua criatividade. E ele poderá brincar à vontade com o metro dos versos, criando novos ritmos e sonoridades – e até mesmo estabelecendo sua própria “forma fixa” de poesia

Roberston Frizero

Como contar as sílabas métricas?

Apresentamos algumas dicas que nos ajudam a contar corretamente as sílabas métricas.

  • A contagem de sílabas métricas é guiada pela sonoridade. Por isso, nem sempre as sílabas métricas coincidem com as sílabas gramaticais.
  • A contagem se encerra na última sílaba tônica da última palavra do verso. Se há mais sílabas depois, elas não são contabilizadas
  • Toda vez que começar um novo verso, inicia-se uma nova contagem, ignorando as sílabas não tônicas que, por ventura, sobraram do verso anterior
  • Ignore as pontuações, eles são importante gramaticalmente, mas não nas sílabas métricas
  • Lembre-se, você deve contar somente até a última sílaba tônica
  • Atenção, quando uma palavra termina com vogal átona e a próxima começa com vogal átona, ambas serão contabilizadas como uma única sílaba métrica

Texto com calígrafia antiga
Imagem Pixabay / Creative Commons

O que é decassílabo?

Decassílabo, como o nome sugere, é um verso com dez sílabas. Esta métrica é muito comum nos sonetos, tal como o famoso de Luís Vaz de Camões, que começa com a conhecida frase O amor é fogo que arde sem se ver.

Vejamos na prática. Separamos abaixo a contagem (números em negrito) das sílabas métricas (em itálico e separado por barras).

1      2       3    4     5      6      7      8       9     10
A / mor / é / fo / go / que ar / de / sem / se / ver

Note, o primeiro verso do soneto tem exatamente dez sílabas métricas, contudo a separação de tais sílabas não segue a regra gramatical. Mas, como dissemos, o importante é a sonoridade.

O verso seguinte é assim:

1     2     3     4   5       6     7     8      9    10     *
É / fe / ri / da / que / dói / e / não/ se / sen / te

O leitor atento pode notar que neste segundo verso do soneto há uma sílaba “a mais”. Mas se trata de sílaba átona, portanto ela não conta na escansão do verso.

Pentassílabo e heptassílabo, os mais comuns em português

Dos versos isométricos, ou seja, aqueles cujas estrofes do poema é composta por versos como o mesmo número de sílabas métricas, em português os mais utilizados são o Pentassílabo (redondilha menor) e o Heptassílabo (redondilha maior).

Mas atenção, conheça as formas métricas da poesia, mas evite se tornar escravo das regras. A criatividade, o estilo e a construção de sentido buscada por quem escreve poesia devem ser prioritárias.


Desafio de literatura 2021: envie suas resenhas e ganhe prêmios

Conhece o Desafio de literatura 2021 do site Frizero? Você pode publicar sua resenha literária em nossa página e de quebra ganhar o livro  Dostoiévski – Correspondências (1838-1880), do escritor russo que completa duzentos anos de nascimento em 2021. A edição foi traduzida por Robertson Frizero.

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Caso sua resenha seja escolhida para publicação, você receberá um e-mail solicitando dados para o recebimento da premiação.

Roberton Frizero – escritor

Roberson Frizero é escritor, tradutor, dramaturgo e professor de Criação Literária. É Mestre em Letras pela PUCRS e Especialista em Ensino e Aprendizagem de Línguas Estrangeiras pela UFRGS. Sua formação inclui bacharelado em Ciências Navais pela Escola Naval (RJ).

Seu livro de estreia,  Por que o Elvis Não Latiu?, foi agraciado pelo Prêmio CRESCER como um dos trinta melhores títulos infantis publicados no Brasil.

O romance de estreia, Longe das Aldeias, foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, do Prêmio Açorianos de Literatura e escolhido melhor livro do ano pelo Prêmio Associação Gaúcha de Escritores – AGES. Foi, por três anos consecutivos, jurado do Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro – CBL.


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Roberson Frizero é escritor, tradutor, dramaturgo e professor de Criação Literária. É Mestre em Letras pela PUCRS e Especialista em Ensino e Aprendizagem de Línguas Estrangeiras pela UFRGS. Sua formação inclui bacharelado em Ciências Navais pela Escola Naval (RJ). Seu livro de estreia, Por que o Elvis Não Latiu?, foi agraciado pelo Prêmio CRESCER como um dos trinta melhores títulos infantis publicados no Brasil. Seu romance de estreia, Longe das Aldeias, foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, do Prêmio Açorianos de Literatura e escolhido melhor livro do ano pelo Prêmio Associação Gaúcha de Escritores – AGES. Foi, por três anos consecutivos, jurado do Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro – CBL.

12 COMMENTS

  1. Saudações Prof. Frizero;

    Meu nome é José Farias (farias)
    Tenho 65 anos e gosto muito de ler. Mais ainda de escrever. Registrar meus pensamentos, minhas ideias.
    Não tenho nenhuma formação acadêmica (4ª série do 1º Grao) na década de 70.
    Tenho a tendencia de escrever o som da palávra (caza), daí (us) os muitos erros de minha escrita.
    Mas escrever me transporta. Me transcende (ou a minha realidade). Assim como ler. Mas quando leio é como se eu ouvisse a história de outros; e quando escrevo é como se eu não apenas contasse minha história; mas a revivesse. Tal é a emoção e o prazer que sinto.
    Vejo que é um homem sábio; tanto na técnica, quanto na senssibilidade de vossa escrita. E peço minha humildes desculpas por pretender tomar seu precioso tempo com minha escrita. Na verdade o objetivo desta é mesmo lhe fazer um pedido; explico!
    No meu círculo de amizades tenho pouco a quem mostrar o que escrevo. Não que estes não sejam capazes, mas por não lhes interessar o tema ou assunto da escrita. E temo que os mais íntimos afagem meu ego.
    Seria possível ter de vossa pessôa atenção e tempo dispensado a (análise?) avaliação de uma de minhas escritas? Não no sentido gramatical, de acentuão ou pontuação desta. Mas no que diz respeito ao seu desenvolvimento. Sequencia da narrativa, continuidade, motivação de prosseguir, etc.
    Enfim; se é atraente e se motiva a leitura.
    Muito me honraria ter meu humilde texto avaliado por um profissional das letras. Mas que isso! Um acadêmico.
    No entanto saberei aceitar uma possível negativa – Creio ser uma pessoa ocupada, cujos interesses estão para alem de minha pretenção.
    Se for o caso saberei entender e respeitar.
    Ainda assim seria muito frustante – como já aconteceu – abrir minha caixa de e-mail e nunca ter uma resposta. Fico sempre com a senssação de que o que escrevo é por si mesmo tão insignificante que merece a atenção dos letrados. Embora compreenssivo, é muito desmotivador.
    Assim; apelo para vossa senssibilidade antes da vossa competencia e capacidade.
    Dê-me um retorno! Se sim, ou não, é o que menos me preocupa, embora me interesse; mas o fato de ser respondido me fará crer que pelo menos tive a atençao almejada.

    Respeitosamente,
    J.Farias

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