Escritor, tradutor, dramaturgo e professor de Criação Literária

Zooliteratura, você já ouviu falar nessa palavra? Embora a prática de escrever sobre animais sua relação com os humanos seja muito antiga, o termo vem ganhando força como categoria literária nos últimos tempos.

Ao longo deste texto apresentaremos a você o que é a zooliteratura, apresentaremos algumas obras e no final uma grata surpresa para os leitores deste site que ainda não conhecem a obra de literatura infantil de Robertson Frizero.

Vamos juntos!

O que é zooliteratura?

A zooliteratura é, podemos dizer, a produção literária e o estudo de textos que dizem respeito ao mundo animal em relação ao ser humano. É um ramo bastante recente da pesquisa e crítica em literatura, muito embora o registro da relação entre humanos e animais remonte à Antiguidade.

Em termos acadêmicos é campo recente, de modo que a zooliteratura é uma linha de pesquisa que é uma derivação da chamada zoopoética, que tem vertentes, além da Literatura, na Antropologia, Filosofia, entre outros.

No Brasil, quem estuda zooliteratura

A ponta de lança dos estudos literários da zooliteratura no Brasil é a Universidade Federal da Minas Gerais – UFMG, especialmente com a professora Maria Esther Maciel, que, em entrevista à Revista Continente, explica o que é zooliteratura.

“Já o termo ‘zooliteratura’, embora guarde afinidades inegáveis com o termo derridiano [zoopoética], tem uma abrangência maior, visto que não se circunscreve a um autor e pode designar um conjunto de obras literárias (de um autor, de um país, de uma época) que privilegiam o enfoque de animais”, descreve Maria Esther Maciel.

Machado de Assis e a zooliteratura

Como dissemos, muitos textos e autores já trataram da temática que hoje se chama zooliteratura. O decano da Academia Brasileira de Letras – ABL, Machado de Assis, já trabalhou essa perspectiva em contas, mas também no romance Quincas Borba.

Quincas Borba, em que Machado não apenas embaralha as noções de humanidade, animalidade e loucura, como também os limites entre homem e cão, considerando que o nome Quincas Borba nomeia tanto o cão quanto o seu dono. É uma postura “cínica”, no sentido filosófico dessa palavra”, comenta Maria Esther Maciel.

Conheça obras que fazem parte da Zooliteratura

Apresentamos a seguir uma série de livros, dos muitos que poderiam ser compreendidos como pertencentes à zooliteratura.

Quincas Borba de Machado de Assis

Capa de Quincas Borba de Machado de Assis
Capa de Quincas Borba de Machado de Assis

SINOPSE: O romance a ascensão social de Rubião que, após receber toda a herança do filósofo louco Quincas Borba – criador da filosofia “Humanitas” e muda-se para a Corte no final do século XlX. N viagem de trem rumo à capital, Rubião conhece o casal Sofia e Cristiano Palha, qua percebe estar diante de um ingênuo – e agora rico – provinciano: impressão que também é compartilhada por todos os que estão ao seu redor. As desventuras de Rubião e sua relação com os amigos parasitários dão a tônica da obra, que critica o convívio social e os valores morais e éticos vigentes na época.

A vida dos animais de . M. Coetzee

Capa do livro A vida dos animais, Coetzze
Capa do livro A vida dos animais, Coetzze

SINOPSE: Convidado a proferir uma palestra na Universidade de Princeton, o escritor sul-africano J. M. Coetzee surpreendeu sua audiência. Em lugar de um ensaio teórico, ele leu esta inquietante narrativa sobre a relação entre os homens e os animais. O romance é protagonizado por uma escritora, Elizabeth Costello, que, assim como Coetzee, se prepara para um ciclo de conferências e discorre sobre as questões filosóficas e éticas que envolvem o nosso trato com os animais.Num bem articulado jogo entre ficção e realidade, teoria e prática cotidiana, Coetzee nos conduz por questionamentos sobre a vida e a razão. A prosa inflamada de Elizabeth Costello, vegetariana radical, faz uma polêmica analogia entre o abate do gado bovino e o Holocausto nazista. As resistências às suas idéias começam em ambiente familiar. Hospedada na casa do filho, ela tem que contrapor suas convicções ao dia-a-dia da família.A vida dos animais traz também as réplicas de alguns estudiosos às conferências de Coetzee.

Escute as feras de Nastassja Martin

Capa de Escute as feras de Nastassja Martin
Capa de Escute as feras de Nastassja Martin

SINOPSE: Estudiosa do Grande Norte subártico, a antropóloga francesa Nastassja Martin viaja à Rússia em busca de famílias do povo even que, tomando distância da civilização pós-soviética, preferem voltar a viver no coração das florestas siberianas. A rotina do trabalho de campo vai avançando como quer a disciplina etnográfica, mas algo mais parece estar em gestação, alguma coisa que por fim eclode na forma de um terrível incidente ― ou, quem sabe, de um encontro ― entre a antropóloga e um urso. É a partir desse acontecimento inespe¬rado e dilacerante que Martin tece a trama de Escute as feras, em que a experiência vivida nutre uma reflexão vertiginosa sobre o humano e o natural, a identidade e a fronteira, o tem¬po do mito e a história contemporânea.

A cosmopolítica dos animais de Juliana Fausto

Capa A cosmopolítica dos animais de Juliana Fausto
Capa A cosmopolítica dos animais de Juliana Fausto

SINOPSE: A cosmopolítica do animais é, ao mesmo tempo, a mais importante contribuição filosófica brasileira aos animal studies e uma obra ímpar de filosofia política. Ao colocar a pólis, em suas diversas configurações históricas, sob a perspectiva dos animais não-humanos, Juliana Fausto abre um novo horizonte cósmico para a imaginação política. Entretecendo com maestria fatos, histórias, experiências, conceitos e ideias hauridas das mais variadas fontes, a autora nos faz experimentar um mundo (por vir?) em que nós humanos teremos finalmente nos tornado concidadãos de nossas “espécies companheiras”.

Por que Elvis não latiu? de Robertson Frizero

Capa do livro Por que Elvis não latiu?, de Robertson Frizero
Capa do livro Por que Elvis não latiu?, de Robertson Frizero com ilustrações de Tayla Nicoletti

SINOPSE: O que sente uma criança quando ela descobre que seu melhor amigo viajou para nunca mais voltar? Assim, a história aborda a delicada situação vivida por pais e responsáveis que precisam explicar aos seus filhos o inevitável fenômeno da morte. Em linguagem simples e direta, mas sem deixar de lado a poesia necessária para apresentar o tema aos pequenos leitores, este é um livro sobre o direito das crianças ao luto e à saudade.


Clube de Criação Literária

Clube de Criação Literária é uma dessas ações de mecenato coletivo – neste caso, em favor do escritor e tradutor Robertson Frizero. Mas, como o próprio nome sugere, é uma ação de mecenato que traz, também, uma ideia inovadora no campo da formação continuada em Escrita Criativa.

Programação de maio do Clube de Criação Literária

A programação traz, em dias alternativos, alguns encontros já ministrados e que foram solicitados por vocês para uma reedição. Três novos temas serão apresentados nas quartas-feiras e, para compensar a primeira semana sem encontro, na próxima semana teremos um encontro também na segunda-feira.

Outra novidade este mês é o início de uma programação de cursos do Clube – a ideia é sempre trazer temas que não seriam normalmente abordados no CCL por conta da extensão da atividade. Esses cursos serão abertos ao público em geral, mas para afiliados do CCL há um desconto de 60% no valor. Caso indique um aluno para o curso que efetive sua matrícula, o afiliado ganha bolsa integral na atividade. O primeiro tema será a Escrita de Roteiros Audiovisuais.

Programação de maio de 2022 do Clube de Criação Literária
Imagem: Divulgação

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Roberson Frizero é escritor, tradutor, dramaturgo e professor de Criação Literária. É Mestre em Letras pela PUCRS e Especialista em Ensino e Aprendizagem de Línguas Estrangeiras pela UFRGS. Sua formação inclui bacharelado em Ciências Navais pela Escola Naval (RJ). Seu livro de estreia, Por que o Elvis Não Latiu?, foi agraciado pelo Prêmio CRESCER como um dos trinta melhores títulos infantis publicados no Brasil. Seu romance de estreia, Longe das Aldeias, foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, do Prêmio Açorianos de Literatura e escolhido melhor livro do ano pelo Prêmio Associação Gaúcha de Escritores – AGES. Foi, por três anos consecutivos, jurado do Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro – CBL.

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