Escritor, tradutor, dramaturgo e professor de Criação Literária

Escrever não é algo simples, mas também não é algo inalcançável, algo que pertence a uma espécie de deuses de um olimpo terreno. Na escrita criativa, escrever é uma questão de exercício e rigor, ou seja, prática e senso crítico.

Talvez estejamos vivendo um dos momentos mais ricos em termos de volume de escrita, afinal, nas redes sociais, há muita gente escrevendo, ainda que sejam amenidades. Mas no fim, o que todos querem é contar uma história, então este já é um bom começo.

Ao longo deste texto vamos debater como exercitar uma escrita constante é fundamental para aprimorar o texto de quem deseja ser escritor. Mas não só isso, traremos dicas de como criar bons critérios para escrever bem e superar o bloqueio criativo.

Escrever como exercício: a prática cotidiana da sensibilidade


Como dissemos no começo, escrever não é como caminhar, algo que para a maioria das pessoas se pode fazer sem pensar muito. Pense no seguinte exemplo: rememorar um prato que sua mãe ou avó faziam e cuja lembrança desperta sentimentos saudosos é algo simples, mas transformar essas sensações em palavras que sejam equivalentes ao sentimento não é tão fácil.

Este exemplo tem como objetivo mostrar como a escrita envolve mais do que simplesmente a capacidade de colocar palavras em sequência. Envolve memória, repertório afetivo e cultural, sentimentos e sensibilidades. Ver no cotidiano, no ordinário, beleza é um exercício diário e fascinante. ainda que não seja óbvio.

Isso significa que escrever é algo ao alcance de qualquer pessoa capaz de ver no mundo suas riquezas improváveis. No poema Formigas de Manoel de Barros, ele traz à tona um olhar atento e sensível.

Não precisei de ler São Paulo, Santo Agostinho,
São Jerônimo, nem Tomás de Aquino, nem São
Francisco de Assis –
Para chegar a Deus.
Formigas me mostraram Ele.
(Eu tenho doutorado em formigas.)

Manoel de Barros
Computador de escritor sobre a mesa
Imagem PxHere / Creative Commons

Como aliar rigor à prática cotidiana

A seguir apresentamos cinco dicas para tornar sua escrita criativa uma rotina exequível e capaz de superar os desafios diários com o bloqueio criativo.

Dica 1 – Mantenha-se concentrado

Para evitar distrações, quando sentar para escrever, procure colocar o celular no modo avião ou, ao menos, desconecte das redes sociais. Outra dica importante é descansar cinco minutos a cada 25 de trabalho, desde que isso não lhe tire o foco, claro.

Dica 2 – Carregue um bloquinho, afinal de contas nunca se sabe quando os insights virão

Um escritor ou aspirante a escritor é um “escravo” do próprio desejo de escrever. Então, além de manter-se atento, é importante ter sempre à mão algum papel e caneta para tomar notas de coisas que podem render histórias, como as formigas de Manoel de Barros.

Dica 3 – Escolha um horário possível, crie uma rotina

Cada pessoa tem preferências bastante idiossincráticas sobre qual horário é o melhor para escrever. Descubra que momento lhe é mais aprazível e siga em frente.

Para a maioria das pessoas é muito difícil conciliar a rotina do trabalho com a de escritor, mas esse é um desafio que precisa ser contornado da melhor forma possível. Mantenha o foco, mas evite se esgotar, pois escrever é algo que deve fazer bem, não mal.

Dica 4 – Otimize seu tempo na escrita criativa

A verdade é que temos muitos compromissos e, na maioria dos casos, não temos tempo de sobra para dedicar à escrita criativa. Então, faça valer os momentos em que você escreve, dedique-se integralmente ao trabalho e depois desfrute dos demais momentos do seu dia.

Dica 5 – Espante o bloqueio criativo, mantenha o rigor e a disciplina

A melhor receita – embora não única – contra o bloqueio criativo é a escrita. Nada melhor que escrever, escrever e escrever. Então não seja demasiadamente crítico com a primeira versão de seu texto. Depois, com as revisões ele poderá ser melhorado, mas antes é preciso ter um texto.

Uma alternativa interessante são cronogramas e metas temporárias (podem ser diárias ou semanais). Contudo, seja realista e não coloque como objetivo escrever um capítulo por semana, mas estabeleça alvos alcançáveis que lhe motivem e não o contrário.

Compreenda que pode haver mudanças no planejamento e isso é normal, às vezes a meta pode ser uma página escrita, mas se sair um bom parágrafo considere como mais um dia de meta alcançada.

Escrever não é simples, mas escrever diariamente pode tornar essa tarefa mais fácil.


Clube de criação literária

Clube de Criação Literária é uma dessas ações de mecenato coletivo – neste caso, em favor do escritor e tradutor Robertson Frizero. Mas, como o próprio nome sugere, é uma ação de mecenato que traz, também, uma ideia inovadora no campo da formação continuada em Escrita Criativa.

Associando-se ao Clube, o participante colabora com o mecenato coletivo e tem acesso a conteúdo exclusivo sobre Criação Literária:

  • Material didáticoartigos resenhas de livros de interesse na área de Criação Literária;
  • Reuniões on-line e debates sobre Criação LiteráriaLiteratura Mercado Editorial;
  • Vídeos, áudios, apresentações e sessões de mentoria literária em grupo;
  • Sorteios mensais de livros e serviços de mentoria literária individual e leitura crítica.

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Roberson Frizero é escritor, tradutor, dramaturgo e professor de Criação Literária. É Mestre em Letras pela PUCRS e Especialista em Ensino e Aprendizagem de Línguas Estrangeiras pela UFRGS. Sua formação inclui bacharelado em Ciências Navais pela Escola Naval (RJ). Seu livro de estreia, Por que o Elvis Não Latiu?, foi agraciado pelo Prêmio CRESCER como um dos trinta melhores títulos infantis publicados no Brasil. Seu romance de estreia, Longe das Aldeias, foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, do Prêmio Açorianos de Literatura e escolhido melhor livro do ano pelo Prêmio Associação Gaúcha de Escritores – AGES. Foi, por três anos consecutivos, jurado do Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro – CBL.

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