Uma biblioteca que cura
Robertson Frizero
A ideia surgiu a partir da semente plantada por um médico, o renomado Dr. Roberto D’Ávila, do Hospital Baía Sul, localizado em Florianópolis, Santa Catarina. Aproveitando um espaço usado para revistas e folhetos, ele resolveu deixar ali alguns livros para uso comum.
A pandemia fez com que a iniciativa tivesse uma indesejada pausa. Recentemente, em abril de 2023, a proprietária do Belvedere Café Lounge, localizado no ático do conhecido hospital da capital catarinense, decidiu reavivar o espaço com um projeto cultural inovador: uma biblioteca comunitária que atendesse profissionais de saúde, pacientes e familiares.
Mestre em Letras, a proprietária do café, Tatiana Cibele Mendonça Pereira, sempre teve uma forte ligação com a Literatura e o mundo dos livros. Mas o diferencial desse projeto é seu funcionamento: o lema é “Faça o livro circular”; na prática, significa que a biblioteca comunitária não tem registro, nem multa por atraso; os usuários podem retirar os livros para ler enquanto esperam atendimento, aguardam seus familiares no pós-cirúrgico ou desfrutam de um gostoso café – mas também podem levar os livros para ler depois e mesmo ficar com eles, se quiserem.
A única regra é não deixar o livro parado: se levar para casa, é para fazê-lo circular pelo maior número possível de leitores.
A biblioteca comunitária reforça um princípio que norteia a própria existência de um café em um setor especialmente delicado, por lidar com familiares e pacientes que ali estão para agendar cirurgias ou aguardar notícias do centro cirúrgico: acolhimento. Com o mesmo carinho com que os funcionários do café são instruídos a receber os clientes, a biblioteca comunitária também veio reforçar esse esforço de trazer bem estar e tranquilidade.
A biblioteca comunitária funciona a partir de doações e a curadoria é feita pelo escritor Robertson Frizero, que doou de sua biblioteca boa parte do acervo inicial para que a iniciativa fosse retomada. Isso incentivou a que outros doadores surgissem e os livros estão circulando, consolando, divertindo e acolhendo toda a comunidade hospitalar.
Como bem coloca a coordenadora do projeto e proprietária do Belvedere Café Longe, “acolhimento pode ser entendido como um delicioso café com um pão de queijo quentinho, um sorriso gentil em um momento difícil, uma inesperada mensagem de carinho escrita no seu capuccino ou até mesmo um bom livro à disposição para aliviar as esperas”.