Escritor, tradutor, dramaturgo e professor de Criação Literária

A proposta deste artigo é, justamente, desmistificar o que é a originalidade na escrita criativa, apresentando algumas características do que significa ser “original” em literatura.

Aliás, tal originalidade é uma preocupação que, em certos casos, pode atrapalhar e criar bloqueios criativos em escritores inexperientes. Contudo, práticas criativas podem ser mais simples do que parecem e nisso, na simplicidade, reside a originalidade.

Como ser original na escrita criativa

Ser original na escrita criativa significa que o texto produzido está vinculado à pessoa que o escreveu. Viu, não há tanto mistério assim. E isso tem a ver com pensar e apresentar as coisas por si próprio, sem reproduzir o que já foi dito da forma como foi dito.

Ora, escrever com originalidade não significa (re)inventar a roda. Não é necessário, nem mesmo, pegar um tema inédito – como o suicídio, por exemplo, tema do conhecido dilema de Hamlet –, mas discutir um tema ou assunto de outra forma.

Originalidade na escrita criativa: modos de usar

Pode-se praticar a originalidade na escrita criativa não somente na dimensão discursiva, isto é, no texto escrito, mas em sua estrutura. Isso implica reorganizar o enredo da narrativa, colocando por exemplo o desfecho no começo e a partir dele escrever os eventos que o originaram.

Quando estamos falando em ser original na escrita ficcional, o que nos interessa não é pensar um tipo de texto estravagante, mas, sim, uma elaboração personalizada, que seja pautada pela reflexão do próprio autor, de modo que tal característica se revele por seu olhar particular.


Pessoa vendo-se no espelho.
Imagem: Pixabay

O que são clichês e porquê não usá-los

Não está proibido usar clichês, mas melhor evitá-los para não correr o risco de pensarmos com a cabeça dos outros. Isso tem a ver com a redução da possibilidade de visitar lugares comuns na literatura e repetir discursos batidos.

Ninguém está dizendo que você precisa ser vanguardista e “reinventar” (como se fosse possível) a literatura, mas, sim, de dizer o que foi dito desde outro ponto de vista.

Surpreenda os leitores sem a necessidade de grandiloquência, mas com palavras simples, tal como fez o inspirador Guimarães Rosa, a quem citamos como exemplo, ao falar sobre ambiguidade do mal entre Deus e o Diabo.

… o diabo, é às brutas: mas Deus é traiçoeiro! Ah, uma beleza de traiçoeiro – dá gosto! A força dele, quando quer – moço! – me dá o medo pavor! Deus vem vindo: ninguém não vê. Ele faz é na lei do mansinho – assim é o milagre. E Deus ataca bonito, se divertindo, se economiza.

(GUIMARÃES ROSA, Grande Sertão: veredas)

Desafio de literatura 2021: envie suas resenhas e ganhe prêmios

Conhece o Desafio de literatura 2021 do site Frizero? Você pode publicar sua resenha literária em nossa página e de quebra ganhar o livro  Dostoiévski – Correspondências (1838-1880), do escritor russo que completa duzentos anos de nascimento em 2021. A edição foi traduzida por Robertson Frizero.

Como devo escrever e enviar minha resenha

No mês de maio o desafio é ler Um livro de poesias de um autor já falecido..

Para participar basta enviar seu texto para sitefrizero@gmail.com com o assunto [DESAFIO DE LITERATURA – NOME DO PARTICIPANTE].

Lembre-se deixar no formato .doc com a seguinte formatação: Times New Roman, 12, espaçamento 1.5, título e autor no nome do arquivo.

Caso sua resenha seja escolhida para publicação, você receberá um e-mail solicitando dados para o recebimento da premiação.


Robertson Frizero

Retrato de Robertson Frizero
Robertson Frizero

Robertson Frizero é escritor, tradutor e professor de Criação Literária. Sua primeira oficina foi lançada em 2011, e desde então se manteve em atividade contínua, entre oficinas, cursos, palestras e mentorias literárias. Foi jurado do Prêmio Jabuti de Literatura por três anos consecutivos e jurado do Prêmio Açorianos de Literatura. É Mestre em Letras pela PUCRS e especialista em Ensino e Aprendizagem de Línguas Estrangeiras pela UFRGS.

Frizero é autor de romances e livros infantis premiados, e já publicou também poesia, contos e textos teatrais. Seu livro de estreia, o infantil Por que o Elvis Não Latiu? [8INVERSO, 2010], foi agraciado com o Prêmio Crescer. Seu romance de estreia, Longe das Aldeias [Dublinense, 2015], ganhou o Prêmio AGES de melhor romance do ano pela Associação Gaúcha de Escritores – AGES e foi finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Açorianos de LiteraturaLonge das Aldeias foi também escolhido pelo Governo Federal para distribuição à Rede Pública de Ensino no PNDL Literário 2018. Em 2020, Longe das Aldeias foi traduzido para o árabe e publicado no Kuwait e Iraque, com distribuição para todo o mundo árabe.


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Roberson Frizero é escritor, tradutor, dramaturgo e professor de Criação Literária. É Mestre em Letras pela PUCRS e Especialista em Ensino e Aprendizagem de Línguas Estrangeiras pela UFRGS. Sua formação inclui bacharelado em Ciências Navais pela Escola Naval (RJ). Seu livro de estreia, Por que o Elvis Não Latiu?, foi agraciado pelo Prêmio CRESCER como um dos trinta melhores títulos infantis publicados no Brasil. Seu romance de estreia, Longe das Aldeias, foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, do Prêmio Açorianos de Literatura e escolhido melhor livro do ano pelo Prêmio Associação Gaúcha de Escritores – AGES. Foi, por três anos consecutivos, jurado do Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro – CBL.

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